"Um restaurante exemplar pela forma séria e consistente como apresenta a cozinha tradicional portuguesa. A opinião do crítico gastronómico da VISÃO Se7e, Manuel Gonçalves da Silva, sobre o o Tico Tico e Novo Rio, no bairro de Alvalade, em Lisboa"
Escasseiam em Lisboa os restaurantes onde possamos encontrar lampreia fresca e bem cozinhada, no tempo dela, e a situação tende a piorar, pois O Retiro do Chefe Costa, em Alcântara, que era um dos seus redutos, fechou, inopinadamente, no fim do ano, para dar lugar a um hotel, ao que se diz. Entre meia dúzia de poisos seguros que restam para saborear a “divina lampreia”, como lhe chamou Afonso Lopes Vieira num devaneio poético, está o Tico Tico e Novo Rio, à esquina das avenidas do Rio de Janeiro e da Igreja, diante da Igreja de São João de Brito, no Bairro de Alvalade, cujos donos, de origem minhota, asseguram a presença diária de uma das iguarias mais caraterísticas da terra onde nasceram. O restaurante resulta da união de dois preexistentes e contíguos, o Tico Tico e o Novo Rio, daí o nome duplo e as salas e esplanadas simétricas. Além de restaurante de cozinha tradicional portuguesa, apresenta-se como cervejaria e marisqueira. Tem, por isso, uma ementa muito extensa e diversificada com pratos do dia, especialidades sazonais e toda a sorte de petiscos e de mariscos.
São os petiscos e os mariscos que predominam nas entradas, não raros uns e outros, com os croquetes, os rissóis, os joaquinzinhos fritos, as amêijoas à Bulhão Pato, as gambas grelhadas e o camarão da costa ao natural no topo das preferências. Os pratos diários com produtos e sabores genuinamente portugueses saem continuamente e alguns não podem faltar: arroz e massa de tamboril com gambas, filetes de polvo com arroz de grelos, pargo ou garoupa assados no forno, feijoada de gambas (com a demora decorrente de ser feita ao momento, que é salutar), bacalhau com grão, cabidela, leitão (de Negrais), entre outros, de confeção simples, mas bem apurados, saborosos, francamente bons. Alguns têm dia fixo e clientela certa: favas com entrecosto, à segunda-feira; bacalhau à Gomes de Sá, terça; cabrito à padeiro, quarta, sexta e domingo; cozido à portuguesa, quinta e domingo; dobrada, sábado. Outros tem a sua época, com o sucede, agora, com a lampreia, em arroz e à bordalesa e com o sável frito com açorda de ovas. Boa doçaria tradicional. Garrafeira abrangente. Serviço despachado e simpático.
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